quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Mensagem na garrafa

14.08.2015

25 dias e 24 noites. Eu sinto falta da cidade, e eu sinto falta das luzes. Às vezes eu deito na areia. Quando eu fecho meus olhos, eu ouço a música. Agora tudo que eu ouço é o som das ondas do mar. Minha vida mudou num piscar de olhos. O navio afundou no mar. Todo mundo se afogou. Todos, menos eu. Subi em um pequeno barco, e durante três dias, eu fiquei à deriva. Agora eu estou sozinho nesta ilha deserta. Sempre mantendo distancia de algo que possa me machucar. 
Ninguém para conversar, ninguém para ouvir. Por milhas e milhas a água só brilha. Eu tenho liberdade, então por que estou triste? Eu tenho a vida que u sempre desejei ter. No entanto, para permanecer vivo a cada dia, eu preciso continuar a lutar. Eu comi umas frutinhas que colhi de um arbusto. Então, meu barco no mar eu lanço para pegar o meu jantar com uma rede caseira. Quantos peixes hoje eu vou pegar? 
De volta à terra ainda sem sinal do resgate. Se eu não for encontrado logo, o que vou fazer? Mas esperem, eles não sabem que estou aqui. Se eu gritar, ninguém poderá ouvir. Então, como alguém vai saber? Onde me encontrar, onde me procurar? Em uma folha vou escrever, com carvão vegetal do meu fogo hoje à noite. "Venha me salvar, ouça meu apelo. Aqui nesta ilha é o lugar onde eu vou estar. Meu navio naufragou e estou perdido. No mar, meu barco foi danificado e por isso não consigo voltar”. Eu vou enrolar  a minha folha como se fosse um cigarro, e em uma garrafa vou enfiar. Lançarei-a ao mar para alguém encontrar. Alguém  zeloso, amoroso e amável. Então, eu vou esperar como tenho feito até agora. Sonhando com danças ao luar e papos em botecos. Agora o sol se põe no mar. Paciente era algo que eu não costumava ser. Ainda assim, espero que meu salvador não demore a me resgatar. Alguém que tenha lido a minha mensagem na garrafa lançada ao mar.


Um comentário:

  1. Lembrei de tantas coisas lendo esse texto. Primeiro de "a memória é uma ilha de edição". Aí depois daquela música de florence and the machine "ship to wreck". Curti muito o fato dos teus textos serem bem imagéticos. Dá pra ver direitinho na cabeça as cenas. Seja muito bem vinda a essa terra de blogs, Lanna. Aqui ninguém é uma ilha. Já está adicionada a minha lista de leituras. Beijão!

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